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Foto do escritorAristides Barros

Bolsonarista fala em se armar para ficar acampado em frente ao Tiro de Guerra, em Mogi das Cruzes

Em áudio, ele ofende a vereadora Inês Paz, e toda a vereança mogiana, o prefeito, universitários e professores, e sobram xingamentos até para a cidade


Por Aristides Barros / Fotos Bruno Arib


Manifestantes dificultaram o trânsito durante o ato antidemocrático


Um áudio contendo discurso de ódio e carregado de palavras de baixo calão, atribuído a um dos bolsonaristas, “acampados” em frente ao Tiro de Guerra de Mogi das Cruzes, desde a derrota de Jair Bolsonaro (PL), anuncia o perigo já praticado por outros aliados e simpatizantes do presidente, que está “recluso” após perder as eleições para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


No áudio lançado na quarta-feira (16), o tom da fala é de um homem enfurecido por causa da retirada do acampamento, que teria ocorrido na noite anterior. O bolsonarista afirma que vai se reunir com outras “lideranças” para montar novamente o acampamento e ficar no local. “Armado lá, esperando alguém dar palpite”.


A insinuação traz à mente ações extremas como o assassinato do petista Marcelo Arruda, morto em julho deste ano pelo apoiador de Jair Bolsonaro, o policial federal penal Jorge Guaranho, e casos recentes como o de Roberto Jefferson (PTB), que disparou contra a Polícia Federal.


Também na “lista”, vem a deputada federal Carla Zambelli (PL), que andou pelas ruas de São Paulo empunhando uma arma perseguindo um homem que, segundo ela, a teria ofendido.


A união desses episódios deixa a vereadora mogiana Inês Paz (Psol) e sua assessoria em estado de alerta. A parlamentar foi a mais “alvejada” pelos insultos do extremista.


ACHINCALHAMENTO - O áudio segue com ofensas morais a vereadora Inês Paz e aos 22 vereadores da Câmara de Mogi das Cruzes, ao prefeito Caio Cunha, ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, ao deputado federal eleito Guilherme Boulos (Psol), ao Partido dos Trabalhadores, aos alunos e professores da Faculdade Brás Cubas, que fica em frente ao Tiro de Guerra.


Depois da fuzilaria verbal que coloca todos na “vala comum”, o narrador beligerante não poupou xingamentos nem para a própria cidade de Mogi das Cruzes, a quem diz que está defendendo.


Ele encerra o “áudio infernal” bradando “Deus, pátria, família e liberdade”, falas tantas vezes repetidas por Jair Bolsonaro.


Em síntese, a fala do agressor depõe contra todos os conceitos estampados na frase que virou um mantra na boca dos bolsonaristas, e que pelo imensurável números de palavras de baixo calão, grotescas ofensas pessoais e morais, o site Efeito Letal se reserva ao direito de não publicar.


A reportagem contatou as assessorias de imprensa da Prefeitura de Mogi das Cruzes, Câmara Municipal de Mogi e Faculdade Brás Cubas, no sentido de ouvir a posição dessas instituições acerca das falas do bolsonaristas contra elas.


Não houve retorno de nenhum dos órgãos, ao quais também foram enviados o áudio contendo as ofensas promovidas pelo suposto bolsonarista. O espaço continuará aberto para os respectivos posicionamentos das instituições.

Vereadora se torna alvo principal da série de ofensas

Inês Paz foi duramente ofendida pelo agressor


A vereadora Inês Paz que teve acesso ao áudio disse que já está tomando medidas contra o bolsonarista que ela classificou como um criminoso. A vereadora tratou de registrar o ocorrido em um boletim de ocorrência e espera rigor na apuração dos fatos.

Inês Paz argumenta que defende o direito à manifestação e à ocupação de ruas, desde que não seja para atacar a democracia e a Constituição, o que é patente nas ações realizadas por grupos bolsonaristas.


Motivado pelos ataques verbais terem mirados contra o Partido dos Trabalhadores, a reportagem ouviu os principais expoentes da agremiação partidária em Mogi das Cruzes.


O ex-vereador petista Rodrigo Valverde expôs. “Eu sinceramente tenho muita dúvida se essas pessoas têm que ser curadas numa clínica ou se têm que ser presas, porque elas são uma ameaça para a sociedade. Você vê o cara falar de ficar armado, que absurdo”, dimensionou.


“Isso não é liberdade de expressão é crime. São atos antidemocráticos completamente ilegítimos e elas são vítimas porque são manipuladas. Mas essas pessoas manipuladas que atuam como zumbis acabam sendo uma ameaça para a sociedade”, reiterou. “E merecem uma punição”, arrematou.


O presidente do PT de Mogi das Cruzes, Alexandre Almeida, assinalou. “A fala desse cidadão mostra quanto mal o Bolsonaro fez às pessoas, mostra um pensamento doentio. Ele, como muitos outros, está sendo vítima de um estelionato intelectual ideológico profundo”, pontuou o dirigente partidário.


“Quero aproveitar para me solidarizar aos vereadores Iduígues Martins e Inês Paz pelos ataques sofridos por esse cidadão”, concluiu. Iduígues que é vereador petista em Mogi também foi alvo da verborragia do extremista.


Vendedor ambulante agredido por bolsonaristas


Vendedor que só estava trabalhando no local não escapou do ataque


No dia 2 de Novembro, início do “movimento pós-derrota”, o fotojornalista Arib registrava a movimentação dos bolsonaristas na avenida. Francisco Rodrigues Filho, nas proximidades do Tiro de Guerra de Mogi das Cruzes, quando flagrou o momento em que um grupo de manifestantes atacou um vendedor ambulante.


O grupo teria perguntado ao rapaz se ele “era Bolsonaro ou era Lula”, no que o vendedor, “sem viés político nenhum” respondeu apenas que estava vendendo chocolates. Os bolsonaristas não gostaram da resposta e partiram para cima do jovem, que teve de sair do local para fugir do espancamento.


O próprio fotojornalista também foi ameaçado pelo grupo furioso e foi “salvo” por um manifestante que reconheceu o profissional, já tendo sido ajudado por ele na divulgação de um projeto social que faz em Mogi das Cruzes.


“Cara, os caras super agressivos com tudo e com todos por não aceitarem o resultado de uma eleição. Como se explica isso?”, indagou o fotógrafo. Fato é que onde tem bolsonaristas a imprensa sempre é recebida com hostilidade. “Pensei que ia morrer aquele dia”, desabafou o profissional de imprensa.


Já o vendedor ambulante, um jovem negro que disse se menor de idade, "sumiu" deixando o produto de seu trabalho jogado na pista.

O vendedor sai e os produtos ficam espalhados no asfalto


É a possibilidade do acontecimento de uma tragédia anunciada, que já foi registrada em alguns pontos do país - aumentada pelo fato de um manifestante ameaçar andar armado - que preocupa a cidade e os moradores contrários a essa bandalheira travestida de manifestação, que deixa todos em contínuo estado de alerta.


ATO FALHO - As autoridades precisam ficar atentas ao perigo, não apoiando como fez o próprio prefeito de Mogi das Cruzes, Caio Cunha (PODE). Em uma postagem em suas redes sociais, o mandatário chegou a parabenizar o ato que é visivelmente contrário a maioria da vontade popular e se configura como um ataque frontal à democracia.


O prefeito mogiano fez a postagem e logo apagou, mas o fez tardiamente porque os internautas já haviam “printado” o gesto do alcaide que aparentemente endossava os atos antidemocráticos que pipocam pelo país.

Print extraído por internautas que seguem o prefeito nas redes sociais


Moraes ordena bloqueio de contas de pessoas e empresas supostamente ligadas a atos antidemocráticos

STF endurece contra os possíveis patrocinadores dos atos que se espalham pelo Brasil


O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes determinou o bloqueio de contas ligadas a 43 pessoas físicas e jurídicas suspeitas de ligação com atos antidemocráticos que questionam o resultado das eleições.


A decisão, que está sob sigilo, foi tomada no último dia 12 de Novembro e abrange pessoas supostamente envolvidas nos bloqueios ilegais feitos em rodovias e manifestações antidemocráticas e com pautas inconstitucionais em frente a quartéis do Exército.

Pela decisão, a Polícia Federal deve tomar o depoimento de todos os alvos no prazo de dez dias. Conforme Alexandre de Moraes, o bloqueio nas contas tem o objetivo de frear a utilização de recursos para financiar atos ilícitos e antidemocráticos.


"Verifica-se o abuso reiterado do direito de reunião, direcionado, ilícita e criminosamente, para propagar o descumprimento e desrespeito ao resultado do pleito eleitoral para Presidente e vice-presidente da República, cujo resultado foi proclamado pelo Tribunal Superior Eleitoral em 30/10/2022, com consequente rompimento do Estado Democrático de Direito e a instalação de um regime de exceção", destaca.

Manifestantes protestam pela "quebra" da democracia no país


Para o ministro, o deslocamento "inautêntico e coordenado" de caminhões para Brasília para "ilícita reunião nos arredores do Quartel General do Exército, com fins de rompimento da ordem constitucional" pode configurar o crime de Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L do Código Penal).


INVESTIGAÇÃO - Na decisão, Moraes reforça que a Polícia Rodoviária Federal apontou que empresários estariam financiando os atos antidemocráticos fornecendo estrutura completa com refeições, banheiros e barracas.


"O potencial danoso das manifestações ilícitas fica absolutamente potencializado considerada a condição financeira dos empresários apontados como envolvidos nos fatos, eis que possuem vultosas quantias de dinheiro, enquanto pessoas naturais, e comandam empresas de grande porte, que contam com milhares de empregados, sujeitos às políticas de trabalho por elas implementadas", escreveu Moraes.


"Esse cenário, portanto, exige uma reação absolutamente proporcional do Estado, no sentido de garantir a preservação dos direitos e garantias fundamentais e afastar a possível influência econômica na propagação de ideais e ações antidemocráticas", assinala.


O ministro enfatiza que o exercício de greve, de reuniões e passeatas não pode ferir outros direitos coletivos.


"Os movimentos reivindicatórios de empregadores e trabalhadores – seja por meio de greves, seja por meio de reuniões e passeatas –, não podem obstar o exercício, por parte do restante da sociedade, dos demais direitos fundamentais, configurando-se, claramente abusivo, o exercício desses direitos que impeçam o livre acesso das demais pessoas aos aeroportos, rodovias e hospitais, por exemplo, em flagrante desrespeito à liberdade constitucional de locomoção (ir e vir), colocando em risco a harmonia, a segurança e a Saúde Pública, como na presente hipótese", finalizou.


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