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Bertioga vive um domingo de protesto pela morte de recém-nascido

Atualizado: 26 de set. de 2023

Familiares da criança morta ainda no parto pedem punição aos responsáveis e que não aconteçam mais casos no hospital da cidade


Por Aristides Barros

Mulheres foram decididas a mostrar que não se calam diante de acontecimentos trágicos


A manhã de domingo (24) marcou mais um ato de protesto pelo ocorrido com a autônoma Sabrina Monteiro da Silva Aguiar, 26 anos, no Hospital Municipal de Bertioga, no dia 25 de Agosto, data em que o seu primeiro filho, Akin Ayo, nasceu morto durante a realização do parto.


A primeira manifestação de familiares e amigos do casal aconteceu no dia 28 de Agosto em frente ao próprio hospital, onde a então parturiente relatou ter passado por situações que beiram a tortura física e psicológica.


O segundo ato começou às 9:00, tendo como palco o canteiro central da avenida Anchieta, em frente ao Supermercado Krill, no Centro de Bertioga. A grama do local "ganhou" faixas e cartazes relacionados ao acontecido com a mãe e o filho natimorto.


Formado em sua maioria por mulheres, o número de manifestantes era pequeno. No entanto, era visível a grande revolta estampada nos rostos de todas elas, com algumas também sendo protagonistas de momentos dolorosos na unidade de saúde.


Sabrina e o seu companheiro, o empresário Daniel Robson Prado, 36 anos, afirmam que a morte da criança teria sido decorrente de maus tratos, que a então parturiente alega ter sofrido desde sua entrada na unidade de saúde.


Na reportagem Casal pode processar hospital pela morte do filho por suposta violência obstétrica são trazidos relatos dramáticos da entrada da jovem na unidade de saúde e o que pode ter supostamente culminado na morte da criança.


Em razão disso, Daniel e Sabrina aguardam um desfecho com punição aos responsáveis e a palavra da Prefeitura de Bertioga e do Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS) de que casos como esse deixem de acontecer na cidade.


Destaca-se que a prefeitura mantém um contrato com o INTS que passa dos R$ 51 milhões. O contrato faz do instituto o responsável pela execução de serviços na área de saúde de Bertioga.


Acenando a posição defendida pelo casal, o hospital, endossado pela Secretaria de Saúde de Bertioga, abriu investigação interna para apurar as circunstâncias do ocorrido e afastou temporariamente o médico obstetra envolvido no episódio.


Paralelo a isso, a Polícia Civil acompanha o caso, a família aguarda resultados de exames do IML de Praia Grande para onde o corpo da criança foi levado para a realização de necropsia. E advogados já foram acionados para um processo contra o hospital.

Manifestantes exibem nos cartazes o que querem da área de saúde e do hospital da cidade


Sabrina afirma. "A gente vê que pessoas se silenciaram devido ao próprio desconhecimento sobre o que é violência obstétrica, por isso muitos casos ficaram ocultos. Pensaram que aconteceria o mesmo com a gente, 'só mais um caso'. Não vai ser assim queremos justiça por nós e pelo Akin Ayo".


A autônoma chegou para dar a luz e saiu como mais uma vítima de casos semelhantes emoldurados em outras ocorrências dentro da unidade de saúde. A mãe dela relatou que também está entre as vítimas.


A cuidadora Patrícia Monteiro Rodrigues, 48 anos, viveu o mesmo drama da filha. "Há 16 anos sofri violência obstétrica nesse hospital, Felizmente, a Gabrielle, irmã mais nova da Sabrina, sobreviveu ao parto". A revelação traz indícios de que a perversidade é infringida de geração para geração.


Visando ceifar o mal, a familia e os amigos de Sabrina lideram uma açao pró-vida coletando casos passados e recentes de denuncias de situações enfrentadas por mulheres nessa hora que para muitas delas é o momento de grande significado a suas exsitencias que conceber a vida, o que não pode ser precedido de nenhum constrangimento.


Sabrina e Daniel disseram que já coletaram 41 relatos e que deverão entregá-los aos órgãos competentes, entre eles o Ministério Público, para que medidas sejam tomadas no sentido de fiscalizar com seriedade e rigidez a forma de tratamento às gestantes no hospital de Bertioga.


Ela afirma. "A gente vê que pessoas se silenciaram devido ao próprio desconhecimento sobre o que é violência obstétrica, por isso muitos casos ficaram ocultos. Pensaram que aconteceria o mesmo com a gente, 'só mais um caso'. Não vai ser assim, queremos justiça por nós e pelo nosso filho", concluiu a autônoma.


Sabrina e Daniel não se permitem baixar a guarda porque acreditam que o silêncio deixa abertura para que aconteçam novos casos. A morte precoce de Akin Ayo, que não chegou a ver a luz da vida, é uma bandeira de luta aos pais ainda de luto.


TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL ALTA REVELA QUE ÁREA DE SAÚDE ESTÁ EM BAIXA

Sabrina e Daniel seguem fimes no propósito de que o caso não caia no esquecimento


O temor do casal é reforçado com dados precisos trazidos em uma reportagem do jornal A Tribuna onde é apontado que cinco cidades da Baixada Santista apresentam mortalidade infantil acima do recomendado por órgãos internacionais.


"Dos nove municípios da região, cinco apresentam taxas de mortalidade infantil acima do preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de 10 para cada mil nascidos vivos.


Cubatão, Bertioga, Guarujá, São Vicente e Mongaguá registraram ao longo do primeiro semestre deste ano números acima do recomendado pela entidade.


Sobre Bertioga a reportagem aponta. “Com 15,03 mortos para cada mil nascidos vivos, atribui o índice ao cenário pós-pandemia.


A Prefeitura de Bertioga afirma revisar os protocolos de atenção pré-natal, com organização do cuidado em casos de gestações de risco e ações educativas e de acolhimento.


A Prefeitura de Bertioga também afirma investir na capacitação dos profissionais da rede hospitalar em reanimação neonatal e, por fim, diz incrementar os programas de planejamento familiar”.


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